segunda-feira, 18 de novembro de 2013

34- Crônica: Desconectado, disforme...



Desconectado, disforme...
José Luiz Quadros de Magalhães

O que é o método e porque apostamos no formalismo para julgar o que é melhor e afastar do conhecimento o que não se enquadra no padrão ou: a padronização para evitar a diversidade. Os obstáculos para conhecer o diferente.

“É ridículo(...) ver os expedientes

dos formalistas para fazer com

que as superfícies pareçam

um corpo, com profundidade

e volume.” (Bacon, 1607-12)

            Neste império da forma e dos sentidos; da superficialidade e da competição criaram então uma forma de controle sobre a “ciência”. Enquadrar o pensamento é algo fundamental para não perturbar a busca do prazer. A razão é perigosa para o gozo. Ora, mas a ciência e a razão sempre foram uma forma de controlar o que se pode pensar com liberdade.

            A mesma coisa dita por pessoas diferentes tem efeitos diferentes. A mesma coisa dita por pessoas diferentes pode ter sentidos diferentes. Toda a fantasia construída em torno das pessoas e as sacralizações de funções, atividades, títulos, cargos gera este efeito e encobre ou revela sentidos.

          Após todo este manifesto contra a massificação, pela liberdade, contra a tentativa permanente dos outros imporem para nós o que é melhor, o que pode ser lido, não vamos pensar que poderemos ser facilmente livres. A gramática, a linguagem escrita nos aprisiona, não só nos sentidos está o condicionamento do nosso pensar mas na construção da frase. Uma palavra pede outra, e uma palavra falta... e algum leitor, qualquer um, lerá a frase com outro sentido, uma palavra com outro significado e a liberdade será, em parte restituída.

            

Deve haver algo surpreendente publicado em alguma parede, em alguma revista pequena e mal editada, ou em frases mal construídas com português errado. Isto é uma esperança de liberdade, o contrário seria um elogio à mesmice.

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